História no Projeto Integrador

Proposta: Fazer um  relatório sobre o processo de ocupação do território de Tauá, tomando como escopo os seguintes aspectos: Doação de sesmarias; extermínio das populações indígenas (exemplo: etnia Jucás); a importância da arqueologia e paleontologia da região (Museu regional do Inhamuns); processo de permanência das oligarquias; organização da economia atual; expressões culturais da região.

Habitava no sudoeste do Ceará um povo indígena conhecido como Jucás. Era um povo forte que se alimentava de carnes e peixes, eram especialistas no preparo de iguarias como paçoca de amêndoas e no cultivo de mandioca. Por morarem em uma região farta divergiam da maioria dos povos indígenas que necessitavam se locomover em busca de alimentos. Além das guerras que travavam com outros povos indígenas (Crateús, Quixelôs) pelo domínio da terra, esses índios tiveram que batalhar contra os colonizadores que pretendiam povoar essa região.
No começo do século XVIII, Francisco Ferreira Pedrosa destruiu aldeias Jucás e Crateús na região de Santana do Cariri (naquele tempo chamada de Brejo Grande). Esse extermínio levou a um clima de paz que incentivou a colonização dos arredores. Francisco foi considerado pioneiro na conquista dos Inhamuns, pois exterminou em árduas lutas as aldeias indígenas locais.  
No dia 1º de agosto de 1706 o governador de Pernambuco, Dom João de Sousa, distribuiu 33 léguas (aproximadamente 160 km) de terras na “cabeceira” do Rio Jaguaribe a 11 fazendeiros baianos. Seus nomes eram:
Francisco Barroso, João Batista, Gonçalo Neto, Domingos de Moura Coutinho, Francisco Gonçalves Fiúza, João e Nicolau Lopes Fiúza, Francisco e Domingos Alves de Seixas, Manuel Dias Figueiras e Dona Isabel Barreto de Meneses. 
Francisco Barroso pretendia desenvolver a pecuária em suas terras e Nicolau Lopes pretendia se fixar no interior. Ambos abandonaram suas terras. Sobre os outros, não foram encontrados registros.
Em 1707, dois grupos de famílias entraram nos Inhamuns propriamente dito e deixaram aqui um legado que perdura até hoje, marcado pelo sobrenome Feitosa e Ferreira Gomes. Eles tiveram que conviver com os índios que ainda restavam nessa parte do Estado, mas que logo se extinguiram, pois suas terras agora eram currais de gado.
A fama de boas terras para criação de gado fez-se desenvolver uma corrida de fazendeiros para ocupar o sudoeste cearense. João de Almeida foi um dos colonos mais hábeis, já que casava seus filhos com filhos de colonos vizinhos. Podemos citar também Francisco Ferreira Pedrosa que tinha cerca de 30 léguas (145 km) de terras ao longo do Jaguaribe. O Rio Tauá (atualmente Trici) foi dado ao Capitão Luís Coêlho Vidal. Teodósio Gomes de Freitas se apossou dos Riachos das Lagoas, de Tederô (atual Santa Tereza) e do Amoré (atual Riacho do Mato) e formou a fazenda Cedro.
Todos estes se dedicaram a criação de gado, tornando os Inhamuns um ponto de referência para esse negócio.
Assim, os Inhamuns [...] se tornaram o primado pastoril de todo o nordeste brasileiro e Tauá era o ponto de convergência da vaqueirama forasteira.” (FREITAS, 1972)


A família Feitosa e a família Gomes (que deu origem aos Gomes de Freitas), foram pioneiras no povoamento de Tauá e arredores. Na sede, após as primeiras casas serem levantadas, foi construída a Igreja de Nossa Senhora do Rosário (Igreja Matriz).
 “Francisco Alves Feitosa levantou seus primeiros currais [...] em Cococi. Os Gomes e seus parentes Ferreira [...] evoluíram para Trici e Carrapateira.” (FREITAS, 1972)
 No Império, o Governador elegia alguém que tivesse poder como Capitão-mor quase imediatamente ao surgimento de alguma vila. Na República estes eram denominados de intendentes.
Uma das primeiras famílias a exercer o máximo poder em Tauá foi a família Feitosa, que ficou conhecida por sua força e bravura após uma disputa particular com a família Monte. Eles se mantiveram no poder todo o período da Primeira República (1889-1930), mas logo outras famílias questionavam seu direito ao poder. Alguns anos depois, quando os apoios da família Feitosa saíram do poder, esta também saiu.
Outros nomes também foram importantes na política de Tauá. Podemos citar Joel Marques, que disputou o poder com a família Gomes de Freitas; Antônio Câmara (família Gomes de Freitas) e Júlio Rêgo, que disputaram o poder por muitos anos; Domingos Filho (família Gomes) e Idemar Citó, que disputaram a influência política na cidade por muitos anos, sendo Domingos Filho o vencedor aparente por conseguir colocar sua esposa Patrícia Aguiar e seu primo Odilon Aguiar para exercer 4 mandatos até o ano de 2016.
A economia de Tauá tem suas atividades concentradas no setor primário, tornando-se prepoderante e um dos principais meios de geração de renda na Região dos Inhamuns. Nas atividades do setor abordado, destacam-se a agricultura, com a plantação de feijão, milho e etc; pecuária, onde ganham destaque e tornam-se referência pela ampla experiência adquirida pelos ancestrais na criação e manejo de bovinos, ovinos e caprinos, e a pesca, para subsistência ou garantia da renda de algumas famílias, movimentando a economia do município.
É de conhecimento geral o desenvolvimento do município do município, no que tange a urbanização e modernização do local, atraindo  empreendimentos e facilitando a instalação de indústrias, reduzindo a taxa de desemprego na cidade.
Unindo a constante necessidade de produção de cisternas no semiárido, devido a estiagem, o Governo do Estado firmou convênio com o Ministério da Integração Nacional, permitindo a vinda da BAKOF, que fabrica cisternas de polietileno. Outro empreendimento que movimenta a economia regional é a fábrica Melbros, com produtos inovadores na indústria calçadista, produzindo em grande escala.
Ainda convém lembrar a instalação da primeira fábrica de preservativos do Estado, da empresa Alltex, vinda do Amazonas, mas decidiu concentrar suas atividades nas demandas da região Nordeste.
Todos esses investimentos transformam o município e fazem com que Tauá ganhe "novos olhares", não somente como a região semiárida do Estado.
Atualmente, Tauá dá início a mudança e ampliação do parque industrial, dinamizando o setor econômico, forma de gerar renda e distribuindo produtos com qualidade e eficiência.
O município também ganha destaque, no que tange a extrema importância histórica e cultural, com um acervo rico em informações sobre as civilizações antigas e que tornam-se instrumento de pesquisa para diversas áreas do conhecimento, tais como arqueologia e paleontologia, ganhando destaque em escala/cenário nacional.
A Fundação Bernardo Feitosa, criada pelo pesquisador Joaquim de Castro Feitosa (in memoriam) e Maria Dolores de Andrade Feitosa, é mantenedora de acervos importantes, como o Museu Regional dos Inhamuns e Sala de Paleontologia, visando a compreensão do modo de vida dos ancestrais, registrando o modo de vida de tribos indígenas na Região dos Inhamuns.
O Museu Regional dos Inhamuns armazena materiais que comprovam e resgatam a cultura regional, com a presença de artefatos e mecanismos que retratam a eficiência das antigas civilizações nesse local, em relação ao aprimoramento de técnicas nas áreas da agricultura, pecuária e etc.
Na Sala de Paleontologia, é possível encontrar fósseis de animais pré-históricos (alguns pertencentes a mega fauna), que habitaram a região há cerca de 10.000 anos, como a preguiça gigante, tatu gigante e mastodonte.
Esse vasto patrimônio cultural, comprova a importância do município na descoberta e avanços em estudos das áreas do conhecimento, como também a utilização de tais riquezas para fins turísticos, gerando renda para o município.

O FestBerro, por exemplo,  é um festival de exposição de ovinos e caprinos que acontece no mês de novembro e visa promover o turismo e a dinamicidade econômica da região. A exposição acontece no Parque Pedro Alexandrino Feitosa (BR 020) e envolve os produtores e criadores de toda a região na busca por reconhecimentos e premiações. Além disso, em alguns anos do festival houve oficinas de aprendizagem voltadas para a culinária local e premiações para o melhor prato. Todos os dias de exposição são marcados também pelos shows que acontecem no Parque da Cidade, reunindo o público jovem em prol de diversão e lazer. Neste ano (2017) acredita-se que festival não se realizará por conta da instabilidade política que a cidade se encontra após a mudança de representante/prefeito.


Na cultura religiosa podemos destacar as maiores tradições católicas do município. A primeira delas é a Festa de Jesus, Maria e José, que acontece no mês de abril e é marcada pela Caminha da Fé. São cerca de 26 km percorridos a pé da Igreja Matriz em Tauá até o Santuário de Jesus, Maria e José em Marrecas. Outras festividades que podemos citar são as festas da Padroeira. Uma ocorre na sede, em homenagem a Nossa Senhora do Rosário (mês de outubro) e a outra ocorre em Flores - Trici em homenagem a Nossa Senhora do Carmo (mês de julho).

(Festas da Padroeira de Tauá)


(Festas da Padroeira de Flores)


(Santuário de Jesus, Maria e José - Marrecas)

Outra expressão cultural forte na cidade é a Festa Junina. Todos os anos é realizado o Chitão dos Inhamuns, um festival que reúne quadrilhas de toda a região (inclusive de cidades como Pedra Branca e Iguatu), para disputarem o título de melhor quadrilha. A vencedora passa para a fase estadual e pode ser eleita a melhor quadrilha do estado do Ceará. Na cidade temos a quadrilha Flor do Mandacaru e a quadrilha Arraiá do Brilhantão. 


(Quadrilha Flor do Mandacaru)

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